Tiro de misericórdia

Artigo do jornalista Gilberto Simões Pires noticiando e comentando os atos engendrados pelo governo para acabar com o Plano Real. Lentilha
Confesso que a minha intenção não era a de abrir o ano de 2013 fazendo comentários sobre assuntos econômicos que não otimizam o nosso desenvolvimento e, principalmente, que contrariam os desejos feitos por milhões de brasileiros no momento em que se deliciavam com a lentilha servida na hora da passagem de ano.

Termor
Para evitar o risco de não ser bem compreendido lembro que, em 01/01/2003, quando Lula assumiu seu primeiro mandato como presidente, o grande temor do povo brasileiro era uma possível extinção do Plano Real.

Principalmente, porque o PT dizia, claramente, o quanto não gostava, nem acreditava, no Plano, como o próprio ministro Mantega revelou, em artigo que escreveu e que a Folha de São Paulo publicou na sua edição de 12/07/1994.

Morte planejada
Pois, depois de já ter abatido dois dos três pilares que davam sustentação ao Plano Real (META DE INFLAÇÃO, CÂMBIO FLUTUANTE E LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL), horas antes de fechar o ano de 2012, a presidente Dilma (costela de Lula) tratou de liquidar a já moribunda Lei de Responsabilidade Fiscal.

Tiro fatal
O tiro fatal aconteceu na última sexta-feira, dia 28/12/2012, quando todos os brasileiros só tinham olhos para o Réveillon. Pouca gente sabe disso, mas é a pura verdade. Acompanhem o estratégico caminho planejado e trilhado pelos dois governos petistas:

Ao longo de 2012  
Ao longo de 2012, o governo já havia apunhalado o CÂMBIO FLUTUANTE E A META DE INFLAÇÃO: o Câmbio, como é sabido, passou a ser administrado pelo BC; enquanto isso, a Meta de Inflação foi totalmente deixada de lado. Agora, para completar a obra Dilma tratou de flexibilizar (?) um dos mecanismos mais importantes da LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL, em vigor desde 2000. A mudança legaliza a concessão de desonerações tributárias com base no excesso de arrecadação.

ATENÇÃO: a redação original do artigo 14 da LRF, considerado um dos pilares da política fiscal brasileira dos últimos 12 anos, não previa isso.

Matriz
Lula, durante seu mandato, tratou de alterar a Matriz de Desenvolvimento (globalizante), quando resolveu voltar ao ninho da Idade da Pedra através do lamentável Nacionalismo.

Dilma, por sua vez, tratou de abrir 2013 deixando para trás o Plano Real. Que tal?

Aí está, portanto, a prova definitiva de que o PT jamais engoliu o Plano Real. Como Lula precisava ganhar a confiança do povo que temia a volta da inflação, durante o seu mandato tratou de mexer pouco ou quase nada no tripé que dava sustentação ao Plano Real. O assunto, no entanto, nunca foi esquecido. Só faltava o momento certo para liquidar com a boa herança.

Ah, ainda dá tempo para encomendar a Missa de Sétimo Dia. Que tal?

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