Não há como separar os dois conceitos ao longo do tempo das gentes do marxismo-leninismo. Um só viés, expropriar em nome da ideologia como cerne da questão. Assaltos a bancos para obter recursos financeiros e aprimorar a logística, roubo de armamento dos quartéis para a luta armada e desmoralizar as instituições. Hoje, aprimorada pela corrupção, não só para enriquecer, como para chegar ao poder e consolidar posições, manter a aliança com os corruptos de outras áreas, desde que não se constituam em ameaça política.
Se pilhados nas falcatruas servem para a desconstrução da instituição, se tornam mais servis e não causam respingos na autoridade maior, sempre apontados como apresentados como do partido “A” ou “B”, que foi impregnado ao senso comum nessa composição ministerial por cota destinada à respectiva agremiação, “livrando a cara” do governo central. Uma irresponsabilidade consentida pela sociedade. (Que falta faz um Carlos Lacerda.)
Um absurdo. Sete ministros já foram afastados por suspeita de corrupção em um ano de governo da presidente Dilma, somado aos escândalos dos oito anos de Lula; o mensalão do PT é um exemplo.
A nomeação do presidente da Casa da Moeda é o malfeito da vez. Ora a responsabilidade é do governo federal e não do partido que o indicou. O mar de lama não chega aos pés dos responsáveis.
A corrupção dos costumes é outra aliada. Discute-se o BBB e se esquecem as mazelas de outras ordens.
Assim, não rouba, não furta, simplesmente “expropria”. Subtrai dos burgueses para atender aos seus propósitos. A mídia escrita aborda com mais profundidade, mas é pouco lida, não atinge as massas.
A comunicação verbal conta com jornalistas de expressiva audiência que de forma velada separam as grandes dificuldades vividas pela população mais carente, como na saúde e segurança, da responsabilidade central, cobrando do prefeito e do governador, como no caso de São Paulo, quando se sabe que as leis mais rígidas contra o crime — alteração na progressão da pena e redução da maioridade penal — não estão nas diretrizes do governo petista, com maioria no Congresso Nacional. Se quisesse, teria condições de implantar.
Por um lado pratica assistencialismo altamente motivador no resultado das urnas, somado a uma lavagem cerebral. Qualquer fato negativo de expressão nacional tem como resposta imediata a apresentação de planos estratosféricos de milhões de reais para emprego “em curto prazo”, através a propaganda paga e intensamente divulgada pelas emissoras de rádio e TV.
Os problemas de saúde, o povo sente na carne. O SUS é o grande plano de saúde nacional, administrado pelo governo central, espertamente mascarado, mas que não tem a obrigação de prestar uma consulta em sete dias da solicitação, nem cumprir uma cirurgia em certo prazo, que a gestão pública impõe aos planos privados.
Os altos valores da propaganda institucional geram submissões.
Há que se destacar uma aliança importante. O capital antes combatido, fonte de recursos, faz parte do contexto e ajuda a permanência no poder com duplo interesse, contribuições, obras e favores.
As marcas da ideologia estão presentes. Os direitos humanos não são problemas em Cuba e lá são investidos capitais que fazem falta ao brasileiro.
As greves que eram incentivadas pelo petismo, hoje são execradas, até declarando que os policiais grevistas possam estar por trás das manifestações que objetivam gerar o pânico.
No ano de 2001, a Bahia não era governada pelo PT e a greve da PM era apoiada pelo atual governador, que era deputado. Segundo o SD PM Marco Prisco, citado como líder, além de Jacques Wagner, teriam contribuído com o movimento parlamentares do PT, PSB e PCdoB, inclusive com fornecimento de alimentação aos grevistas.
As lições do marxismo-leninismo estão presentes nos movimentos populares, nos distúrbios civis organizados com objetivo de intuito de agitar a sociedade (AGIT) e divulgá-lo, chamar a atenção para o protesto, se possível com observadores internacionais (PROP): agitação e propaganda. Exercitaram por muito tempo antes da chegada ao poder, inclusive na fase mais sanguinária com a realização de atentados terroristas (Aeroporto dos Guararapes/1966) e sequestros de embaixadores. Crianças no colo e mulheres à frente colaboraram intensamente e, hoje, a reação do MP da Bahia impôs que as crianças fossem retiradas do meio onde se encontram os policiais militares cercados. O mesmo não se dá nas agitações provocadas pelo MST, aceitas.
Paralelamente, desafiando a lei, lançam nomes como candidatos a cargos eletivos muito antes dos outros partidos. Foi o caso da candidata e, hoje, presidente da República. Um nome imposto e aceito pelo PT, enquanto os outros debatem democraticamente para se chegar ao nome do candidato.
De forma sutil já começaram para as eleições municipais, como se pode ver na repetição da mensagem “o Brasil está em boas mãos…” No contexto, e no interesse maior de ganhar as eleições no município de São Paulo, o PT já tem o candidato, que certamente será sufragado na convenção. O ex-presidente lá estava na troca de ministros, e o candidato, que era da Educação, vai posteriormente visitar o ex-presidente em tratamento de saúde em São Paulo. Fotos aparecem em todos os telejornais e “todos” já sabem quem é o candidato do PT a prefeito daquele município. Lula mesmo doente e em tratamento está nessa campanha e aparece em fotos adredemente planejadas ao visitar o ator Gianecchini em tratamento contra o câncer. Esteve com outros em situação semelhante?
Esse tipo de corrupção inclui a geração de crises na mesma região, como a ocupação dos estudantes nas dependências da USP, tendo como alvo o emprego da PM, quiçá com algum mártir, para atingir o governado local e a ação de reintegração de posse na região de Pinheirinho bastante tumultuada com incêndios de lojas e veículos. As fotos, não as dos telejornais, mostraram os invasores até com capacetes e escudos para a reação.
A combinação de ideologia e corrupção contribui com a prescrição dos crimes arrolados no processo de mensalão, lá do governo Lula; o da formação de quadrilha já foi para o saco.
Ernesto Caruso, 06/02/2012