Conexão mascarada

                A Copa da Europa, UEFA 2012, trouxe ao cenário dos telejornais nas vésperas do seu início, em especial a Polônia, a se destacar em uma dessas reportagens as belas paisagens de Varsóvia por onde transitava o jornalista paginando a História e a recordar os tristes e doloridos momentos da invasão nazista e os 44 anos do sofrimento daquele povo sob o tacão comunista.

Ernesto Caruso, 14/06/2012

                Tal fato me trouxe à mente um texto interessante. Fui ao livro: “3 do lacerdismo à subversão … Na verdade, só troquei o retrato de Kennedy pelo de Che Guevara meses depois, lá pra janeiro de 68. … Naquela época o meu grande interlocutor para esses assuntos era meu papai, que vivia me explicando os horrores do comunismo. Não mentia, narrava a sua dolorosa experiência pessoal de judeu-polonês que fugindo da invasão nazista em 39, terminara numa região oriental da Polônia ocupada pelos russos.” Participou do exército do trabalho na construção na picareta a estrada de ferro entre Moscou e Leningrado, passou fome, pegou malária, e diante das vicissitudes veio a integrar o exército vermelho. Prossegue: “Chegou ao fim da guerra como capitão dos blindados e voltou à Polônia devastada. Em 46, “escolheu a liberdade” fugindo para o Brasil, onde conheceu mamãe. Ela também tivera as suas experiências na URSS. Filha de um dos 13 mil oficiais poloneses prisioneiros, fuzilados por ordem de Stalin no célebre Massacre da floresta de Katin, fora deportada junto com a sua mãe e irmã pequena para a Sibéria.”

                Mais adiante, sobre a fase do movimento estudantil comenta: “Revolta que aumentou mais ainda no dia em que papai voltou para casatrazendo o seu O Globo debaixo do braço e me disse colérico: — Agora já sei o que está acontecendo neste seu maldito colégio, neste ninho de drogados e comunistas.”

Férias escolares, ler e aprofundar conhecimentos. Visconde de Pirajá, Ipanema, livraria, e, em uma estante: “Em azul, bem grosso, Trotski, o Profeta Armado,… De olho no vendedor distraído, espichei o braço e coloquei o livro entre os meus …saí da livraria, pisando macio.” Entre outros lidos “devorou” numa noite Guerra de Guerrilhas, de Guevara.

Diante de uma comemoração saltitante, “Papai se indignava: Subversivo! Baderneiro! Vou ter um enfarte por tua causa! Ah, esse maldito colégio…”

                Entusiasmo pelas ações terroristas nos países vizinhos: “Em Montevidéu, os Tupamaros tinham estourado… Em Buenos Aires um grupo guerrilheiro incendiara 16 supermercados… corria a boca pequena que o Marighela ia explodir a …”

                Dos automóveis empregados, os nomes lembravam os heróis do marxismo. O Gordini que pegara fogo, carinhosamente chamado Krupskaia — “feiosa veterana bolchevique, companheira de Lênin…”; o Volks 65 que o sucedera, designado Natália em “homenagem à Natália Sedova, companheira de Trotski.”

                O trucidamento do tenente PMSP Alberto Mendes Júnior na fuga do Vale da Ribeira narrado por Lamarca: “Fizemos um trato com o tenente, daríamos assistência aos feridos — eram uns oito ao todo, dois graves — não tomaríamos nenhuma arma, só as munições, e soltaríamos todos, desde que ele conseguisse uma trégua de algumas horas e a remoção de um bloqueio mais à frente na estrada, por onde tínhamos que passar. Ele aceitou o trato.”

                O tenente desfez o bloqueio, os soldados foram libertados; o tenente, não. Os guerrilheiros se encontravam desgastados e tendo que fazer turnos para vigiá-lo. Prossegue a exposição textual: “Qualquer disparo revelaria nossa posição. Consultei, um por um, todos os companheiros e chegamos à conclusão que a única solução era em eliminá-lo. Aí o japa matou-o com uma coronhada de FAL, na nuca” (Japa é Yoshitane Fujimore).

Os textos citados estão em “Os carbonários memórias da guerrilha perdida” de Alfredo Sirkis.

E mais, na guerra suja não se espera que usem luvas de pelica. As reações de lado a lado são crescentes. O colega daquele que teve a nuca golpeada covardemente, cérebro exposto no meio do sangue, da dor que sentiu e que passa a quem lê, quanto mais a quem viu, vai à luta, quer prender os criminosos de qualquer maneira. Matar! Matar revoltado. Guerra é guerra. Difícil conter o impulso. Justifica? Não justifica, mas é o que acontece. Portanto, há que se pensar duas vezes em colocar uma bomba no aeroporto e matar inocentes. Quem perdeu o parente quer justiça. Quem não se lembra de um cabo da PMRJ em combate a assaltantes no Rio Sul. Matou um dos assaltantes. Foi alvo dos tiros dos bandidos. Sangue quente não arrefecido pelo carpete e ar condicionado das salas, das gravatas, ternos e saltos altos. Tempo e espaço distintos. Exageros são punidos, a anistia pacifica e o Estado democrático homenageia quem o defende

Freud explica as relações acima, alguns escrevem a verdade que viveram, outros mentem e lucram com indenizações, mas há os que querem transformar a mentira em verdade com comissão nomeada para avalizar/justificar os seus atos criminosos; a grande imprensa se cala, mascara, nega a conexão do marxismo com a guerra suja praticada no Brasil e países vizinhos em ações coordenadas pelo movimento comunista internacional.

É abominável pretender negar a expansão comunista no mundo, na base do terrorismo, do seqüestro, da guerrilha, do incentivo à luta de classes, da manipulação das massas; da lavagem cerebral intensamente trabalhada nas novelas, confrontando a autoridade com o cidadão, o pai (sempre errado, autoritário) com o filho; na sala de aula, nos livros, aluno versus o professor (semente do passado, fruto hoje do mestre apanhar na cara); na formação (ou deformação) das crianças com as estórias da formiguinha rica e a pobre; na desconstrução da religião com a “nova” teologia. Como negar/alterar/esconder a Intentona Comunista de 1935?

Não se pode fechar os olhos à existência das FARC que ainda mantém sequestrados na selva colombiana. É negar que o AI5 fez com que terroristas fossem derrotados e hoje desfrutam da democracia; estão no poder pelo voto e não pelas armas a serviço do partido único, comunista. É negar as fugas dos alemães através o “muro” de Berlin em busca da liberdade, de tantos que lá foram metralhados, dos cubanos que na mesma ânsia foram comidos pelos tubarões. É como negar o holocausto.

É não vincular isso tudo ao processo de desconstrução do Brasil no campo do psicossocial, do econômico e da sua importância no concerto das nações.

Pode somar mais essa, de como agem e não sabem usar de forma republicana, nem cristã, o cajado do poder: – o Ministério Público entrou com ação civil pedindo à Justiça que o governo do Estado de São Paulo pague indenização de R$ 40 milhões por danos morais coletivos devido à prática policial de dispersar os usuários de crack. É verdade?

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