Tem gente dentro da Caixa Econômica Federal ganhando comissão para fazer esta negociata, excluindo o software livre, que não custa nada para o contribuinte.
Transcrito integralmente de um e-mail recebido de Rubens Queiroz de Almeida.
Colaboração: Rodolfo Gobbi
Data de Publicação: 24 de agosto de 2013
Rodolfo Gobbi solicitou à Microsoft esclarecimentos sobre a redução de custos citada em notícia publicada pela empresa sobre projeto com a CEF, congratulando-a de modo “peculiar”.
Em resposta a um depoimento sobre um projeto da Microsoft com a Caixa Econômica Federal cujo título é “Caixa Econômica Federal adota soluções Microsoft para redução de custos e melhor interoperabilidade” (em tradução livre, do inglês), Rodolfo Gobbi solicitou à empresa de Bill Gates alguns esclarecimentos a respeito da citada redução de custos, bem como estende à companhia uma congratulação que pode ser classificada no mínimo como “peculiar”.
Segundo Luís Fernando Patrici, “Account Executive” da Microsoft no Brasil e responsável pela publicação do “case” envolvendo a Caixa, o banco brasileiro decidiu adotar um conjunto robusto de soluções Microsoft, incluindo o Windows Server 2012, o Windows 8 e o Microsoft Office, com o objetivo de melhorar as condições de trabalho de seus 118 mil funcionários e 3.000 agências. Com isso, a Caixa teria percebido uma ampla gama de melhorias de eficiência de comunicações simplificadas, passando por maior produtividade móvel e chegando a economias de custo significativas. O post completo, contendo tanto a publicação da Microsoft quanto a resposta da 4Linux, pode ser lido (em inglês) no seguinte link:
Traduzimos a resposta do presidente da 4Linux a seguir. As questões dele são válidas e aguardamos ansiosamente por uma reação tanto da Microsoft quanto da própria Caixa.
“Olá Luis Fernando,
Meu nome é Rodolfo Gobbi e sou o presidente da 4Linux (www.4linux.com.br). Por 5 anos, a 4Linux foi a empresa que forneceu o suporte à Caixa para a implementação do Linux nos terminais de autoatendimento da empresa (caixas eletrônicos), bem como nas máquinas utilizadas nas lotéricas. A Caixa ficou sem suporte a esse ambiente desde outubro de 2011 e a 4Linux atualmente fornece suporte à Caixa apenas para o ExpressoMail (uma solução de e-mail de código aberto).
Em relação à notícia acima, eu tenho tanto um ‘pedido’ a lhe fazer quanto ‘parabéns’ a lhe dar:
1 – Seria muito mais transparente e lhe daria muito mais credibilidade se, no corpo da sua notícia, você explicasse as ‘economias de custo’ mencionadas em seu título. Para fazer jus às palavras ‘diálogo aberto’ no slogan de ‘abertura’, você poderia nos mostrar dados que deem suporte às afirmações de redução de custos resultantes desse pro jeto.
Como há pessoas que não concordam com o seu ponto de vista de redução de custos, e acreditam que a Caixa não fez um bom negócio com essa aquisição, tendo apresentado uma queixa ao Ministério Público Federal, em Brasília (protocolo PR-DF-00021539/2012 ? Peça de Informação nº 1.16.000.001871/2012-77) e também ao Ministério Público do Rio de Janeiro (Reclamação Pública nº 1.30.001.004072/2012-73, registrada sob o nº 2012.06.21.152413), acredito que se você mostrasse dados concretos sobre essa redução de custos, poderia esclarecer as dúvidas que essas pessoas têm sobre este assunto.
2 – Eu gostaria também de parabenizá-lo por conseguir gravar e postar um depoimento em vídeo a respeito desse projeto (que ainda está em fase EXPERIMENTAL) e usar a excelente reputação da Caixa para gerar novos negócios para a Microsoft. A 4Linux implementou Linux em mais de 80.000 terminais de autoatendimento a serviço dos cidadãos e clientes da Caixa. A 4Linux repetidamen te tentou gerar um depoimento em vídeo como o que você gravou e muitas vezes ouviu a frase ‘não é o papel de uma empresa pública dar testemunhos para alavancar negócios para uma empresa privada’. Linux nos caixas eletrônicos e nos terminais lotéricos da Caixa são projetos que já estão em PLENA produção por ANOS, e seu projeto se encontra ainda em fase PILOTO (conforme afirmado no seu depoimento em vídeo, mas ao contrário do que você escreveu em seu artigo), enfrentando os problemas típicos de projetos desse porte, mas você já conseguiu autorização para divulgar depoimentos! A mesma explicação de que ‘não é o papel de uma empresa pública alavancar o negócio de uma empresa privada’ foi utilizada quando a 4Linux tentou realizar doações à Caixa. A 4Linux tentou em vão doar treinamentos Linux aos funcionários da Caixa, a fim de treinar as pessoas em como usar o Linux e em como torná-lo mais útil dentro da Caixa, mas foi proibida. Já a Microsoft pôde doar através desse contrato (e ntre outros benefícios gratuitos) mais de 15.000 licenças para que os funcionários da Caixa possam usar o pacote Microsoft Office em casa gratuitamente, algo que os clientes da Caixa e outras pessoas no Brasil não podem fazer.?
Enquanto veículo de mídia, pretendemos solicitar à Microsoft e à Caixa uma declaração a respeito da notícia original, bem como sobre os questionamentos do presidente da 4Linux, e as publicaremos assim que as recebermos.
Notícia publicada originalmente no portal da Revista LinuxMagazine