“Insolvência política”, por José Aníbal

Gostei dessa análise. Embora este sítio não tenha qualquer inclinação ideológica, seja de direita, seja de esquerda, sendo um inimigo declarado do comunismo em todas as suas e manifestações, achei relevante, pertinente e bem clara a análise deste senador, que apesar de ser de um partido de esquerda, parece ser um defensor da democracia e da liberdade.

Abaixo segue o texto reproduzido integralmente.

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A crise institucional avança. O governo perdeu o rumo. O que ainda resta de autoridade política no Palácio do Planalto emana da vice-presidência da República. Michel Temer tem dado um exemplo de sensatez num momento de insolvência política no núcleo do poder.

Pegue o exemplo do TCU. A corte deu um ultimato à presidente devido aos atentados contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Daí, o ex-secretário do Tesouro confessa o desvio e se oferece para assumir a culpa. Então vem à tona que a fraude contábil continua em vigor e que o rombo nos bancos públicos chega a 60 bilhões de reais.

Some-se a esse valor os 100 bilhões enterrados com as asneiras criminosas cometidas no setor elétrico. Mais 50 bilhões com má gestão e corrupção na Petrobras. Junte com os aditivos de Belo Monte, Jirau, Santo Antônio, ferrovia Norte-sul, Transnordestina, transposição do São Francisco, obras da Copa etc. O PT conseguiu quebrar o Brasil.

A estimativa de inflação para 2015 foi de 6,6% para 9%. A expectativa de recuo na economia foi de 0,5% para até 2% do PIB. O desemprego caminha para 10%. Cada ponto percentual de aumento nos juros injeta 30 bilhões na dívida pública. O investidor fugiu e o risco de perder o grau de investimento é real. E o governo, cadê?

O ministro-chefe da Casa Civil se ocupa de arquitetar rasteiras no vice-presidente. A base aliada só se une para derrotar o Planalto no Congresso. O PT rosna contra Joaquim Levy e aplaude João Vaccari Neto. Dos 38 ministérios não sai uma única ideia aproveitável. E Lula ridiculariza e abastarda a presidente Dilma sempre que pode. Como é possível?

O eleitor, incrédulo, tenta em vão entender o que aconteceu com o seu voto. Onde buscar alento nessa hora? Dilma insiste que a culpa é da crise internacional. O PT vê as digitais das elites por todos os lados. Lula sataniza a imprensa e mesmo Fernando Haddad, esse incapaz, se sente à vontade para hostilizar paulistanos insatisfeitos com a sua gestão.

Se não bastasse o caos político, a ruína econômica e a roubalheira, nossa presidente, uma vez confrontada com a hostilidade de bandoleiros bolivarianos contra uma comitiva do Senado brasileiro, se deixou rebaixar diante de um regime que mantém presos políticos a partir de delações arrancadas sob tortura. É inacreditável.

Dilma Rousseff caminha a passos largos para ocupar os rodapés da história do Brasil. Seu desempenho pessoal é tão medíocre que mesmo o antigo fiador, o cada vez mais enrolado Lula da Silva, faz o diabo para convencer a todos de que não tem mais nada a ver com isso. Como dizia Brizola, está costeando o alambrado. Vai pular a cerca? Afinal, Dilma não tem mais respaldo de quase ninguém.

A impressão que fica é de que Dilma, nascida para política por meio de um truque publicitário, confiava que sempre haveria alguém para segurá-la nos momentos de aperto. Deserdada por Lula, abandonada pelo partido e rejeitada pelo povo, Dilma é o rosto da própria ilegitimidade original: como virar estadista, se nasceu para ser poste?

José Aníbal é senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional