Governistas desistem de votar a ‘reforma política’

Em jantar, Múcio detecta a aversão de aliados ao projeto e para preservar a unidade, Planalto,  PMDB e PT recuaram e desistem deste estelionato polítoco e  fraude contra o eleitor e contra o erário público.

Caiu em desgraça o projeto de reforma política que o governo tentava levar a voto no plenário da Câmara.

O voto em lista fechada e o financiamento público de campanha tomaram o rumo do arquivo. Nem devem ser incluídas na pauta.

A sentença de morte das duas teses foi selada num jantar ocorrido na noite de terça-feira (19). Deu-se na casa do deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Compareceram ao repasto o ministro José Múcio (Coordenação Política) e os líderes dos principais partidos do consórcio governista.

Das seis legendas representadas no jantar, quatro informaram que votariam contra a reforma: PSB, PR, PP e PTB.

Diante da resistência, as outras duas –PMDB e PT, maiores defensoras do projeto—jogaram a toalha. O próprio José Múcio deu meia-volta.

Dois dos líderes presentes –Sandro Mabel, do PR; e Rodrigo Rollemberg, do PSB—informaram que suas bancadas não se limitariam a votar contra.

Fariam obstrução. Rollemberg chegou mesmo a informar que o PSB reuniria sua Executiva Nacional para fechar questão contra a proposta.

A reunião a que se referira Rollemberg ocorreu na noite desta quarta (21). Como prometido, a direção do PSB fechou-se contra a reforma política.

Para virar a página, a legenda deciciu constituiu um grupo para formular um projeto alternativo.

Aderiu à idéia de fazer uma Constituinte exclusiva, para aprovar uma “verdadeira” reformulação da legislação eleitoral. Coisa para 2011.

Os líderes Henrique Eduardo Alves (PMDB) e Cândido Vaccarezza (PT) viram-se compelidos a se render às evidências.

Henrique Alves levou à mesa o nome de Dilma Rousseff. Disse que não é hora de desunião. Acha que “a base” governista precisa se concentrar em 2010.

Contou aos demais sócios do consórcio que gravita em torno de Lula que José Serra, presidenciável do PSDB, avança sobre diretórios estaduais do PMDB.

Nesse ponto, Rollemberg interveio para lembrar que seu partido não está, por ora, comprometido com Dilma. Tem candidato próprio: Ciro Gomes (PSB-CE).

Vacarezza disse que o apoio à reforma política fora aprovado em Congresso do PT. Mas não via sentido esticar a corda ao preço da desunião do governismo.

Outro petista, Henrique Fontana, líder de Lula na Câmara, ecoou Vacarezza. Disse que nada impede que o PT rediscuta o assunto.

Sentindo o cheiro de queimado, José Múcio aderiu ao coro da unidade. Mencionou 2010. Disse que a crise não passou. “Precisamos nos manter unidos”.

Ao levar a reforma política à cova os líderes governistas conspurcaram uma reunião que Michel Temer (PMDB-SP) programara para esta quinta (21).

O presidente da Câmara convidara à sua casa os líderes de todos os partidos, do governo e da oposição. Discutiria justamente o que fazer com a reforma política.

“Essa discussão perdeu o sentido”, lamuriava-se Vacarezza na noite passada, em privado. O líder petista vai sugerir a Temer que nem discuta o assunto.

Temer constituíra uma comissão suprapartidária para deglutir a reforma proposta pelo governo. O pacote incluía seis projetos.

Sob a coordenação de Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), o grupo da Câmara reduzira o embrulho do governo a um único projeto.

É nessa proposta que estão previstas as duas novidades que dividiram o bloco governista. Prevêem o seguinte:

1. Em vez do sistema nominal, em que o eleitor vota no candidato que bem entender, seria criado o voto em lista fechada.

No novo modelo, os partidos elaborariam uma lista de candidatos. E o eleitor votaria na legenda, não nos candidatos.

2. No lugar do financiamento privado, a eleição seria custeada pelo Tesouro Nacional. Estima-se que cada voto custaria ao erário algo como R$ 7.

Diante do novo cenário, nem mesmo esses dois tópicos devem ser levados a voto.

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