A era da bizarrisse

Os psiquiatras, psicólogos e outros afins devem estar perdidinhos imaginando que os conceitos de “normalidade” apreendidos na faculdade, devem estar equivocados.

No. 104 – COLUNA DO SARDINHA
13.04.2.009

O século XXI está pondo em cheque todos os conceitos de “normalidade” de todos e não só dos profissionais da saúde, deixando-nos em dúvida sobre o que é certo ou errado, despertando frustrações que levam os indivíduos a duvidar de si mesmos e buscar nas aberrações uma resposta a sua falta de segurança.

Se ser normal não resolve apelemos para a bizarrice, pois talvez babando na gravata, comendo abacate no penico, alcancemos o sucesso no meio social, que não conseguiremos pelas vias usuais.

Como a insatisfação apareceu com o homem sobre a face da terra, o bizarro virou regra, tomou conta da mídia, da política enfim de tudo, sufocando inclusive o nosso senso do ridículo.

Aliás, ser ridículo hoje em dia, passa a ser apenas original e autêntico, confundindo a cabeça de quem não está preparado para exercer o espírito crítico.

Basta dar uma corridinha pelos canais de televisão para ver o exótico, o inusitado e o  bizarro desfilando soberanos e não dando a mínima para a lógica e o bom-senso.

Está se criando a cultura do absurdo. Estamos perdendo a noção do que pode ou não ser feito e dos limites da irracionalidade e isto ganha contornos maiores na política que é a caixa de ressonância do pensar coletivo.

O Presidente americano está sendo louvado e admirado por uma qualidade que não tem nada a ver com intelecto, capacidade e outros atributos inerentes a um presidente da República da maior potência mundial, mas sim por ser afro-descendente, o que não o capacitaria por si só, a ser sequer gandula do “super-bowl”. Mas  se assim a turma que decide acha, que fazer?

Os exemplos são muitos: é Lugo – popular/populista, no Paraguai – é Evo Morales, cocalero e índio na Bolívia – Luiz Inácio Lula da Silva – torneiro mecânico aposentado, semi-alfabetizado no Brasil.

Não estamos discutindo critério capacidade, mas sim a forma que a humanidade está comportando-se.

Dias atrás a mídia internacional alardeou aos quatro ventos a eleição da primeira mulher “gay” (a rigor o termo só pode ser aplicado a homens) como Primeira-ministra da Islândia, país que foi ao FMI por estar quebrado. Quer dizer, o fato de, para a mídia é mais importante do que qualquer critério.

Já estamos antevendo nos anos vinte do século XXI a seguinte manchete de determinado jornal: “segundo pesquisa, o candidato Gabiróbidis, considerado “normal” de acordo com os padrões do início do século é o preferido por 48% dos eleitores ante o bizarro Lelé. Será a primeira vez em mais de dez anos que um “normal” elege-se presidente.”

Como ainda falta muito para isso acontecer é quase certo que não vejamos tais absurdos e é também quase certo que nossos escritos sejam preciosidades de museus, não necessariamente da “Casa de Horrores” de Madame Tussaud.

Luiz Bosco Sardinha Machado