Transigindo sobre o inegociável

No – 118 – COLUNA DO SARDINHA
27.07.2.009

Salvo engano, a destituição de Manoel Zelaya em Honduras porá fim a um processo de eternização  no poder dos novos aprendizes de feiticeiro da América Latina, que travestidos de “democratas”, convocam discutíveis plebiscitos para aprovar eternas reeleições, que podem levá-los a ditaduras dissimuladas.

Uruguai e porquê não, Argentina – a troca de guardas está sendo feita em âmbito familiar – Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela, já seguiram por este tortuoso caminho, estimulados principalmente pelos Estados Unidos, primeiro com Bush e agora com Obama.

O Brasil como principal país da América Latina adota em sua política externa um comportamento que pode ser assim definido: vacilante, dúbio e concessivo. Em busca de liderança na região, apóia os novos movimentos queremistas, pensando em fazê-los regra em contraposição à exceção, que seria a alternância democrática no poder, mas não se atreve a defendê-lo abertamente, temendo as reações internas, que por certo virão.

Não se admirem que a Organização dos Estados Americanos adotem com relação a Honduras, que depôs Zelaya que pretendia perpetuar-se no poder,  a mesma postura crítica de Brasil/Estados Unidos. Isto, porque a OEA lê na cartilha deste ultimo, a quem interessa manter o “status quo” vigente nas Américas, malgradas as aparentes divergências existentes entre os EUA, a Venezuela, o Equador e a Bolívia, que mais parecem jogo de cena do que outra coisa.

Não se admirem, também, com a linha de conduta do governo Lula, pois segue no ambiente externo, a mesma sistemática adotada no âmbito interno, na busca de apoios: concessões em cima de concessões, aceitando todo tipo de imposição, que não condizem com a Casa de Rio Branco, o Itamarati.

Foi assim no caso da refinaria da Petrobras na Bolívia, dos interesses de empresa brasileira e do BNDES no Equador e está sendo assim com o Paraguai no caso de Itaipu. O mesmo se repete com o lixo  da Inglaterra.

O Brasil simplesmente transige com sua soberania, antecipando e renegociando contratos cujos vencimentos dar-se-iam em 2.030, caso paraguaio ou então fazendo vistas grossas à entrada dos detritos ingleses, que segundo as ultimas informações teriam atingido 175.000 toneladas em 2.008, difíceis de calcular, pois dizem,  podem ultrapassar o milhão de toneladas.

Equivocadamente, o governo Lula com sua política externa pusilânime e vacilante, acredita que abrindo mão de suas inegociáveis prerrogativas,  conquistará o respeito e a admiração dos povos do globo e a liderança na América Latina.

O Brasil precisa entender que os países realmente líderes conquistam a liderança com posições firmes e enérgicas, jamais abrindo mão de sua soberania.

Primeiro, repudiando ações tendentes a criar, verdadeiros regimes de exceção comandados por simulacros de ditadores

Em seguida, rejeitando com rigor as medidas unilaterais adotadas por nossos vizinhos, que estão passando por cima de tratados e convenções internacionais, impondo-nos seus interesses e com os quais concorda o governo Lula e que  jamais deveriam ser aceitos.

Finalmente, o problema do lixo, que está a pedir intervenção rigorosa da Policia Federal, que deveria tomar para si as investigações, para apurar a eventual existência de lixo radioativo e para quantificar a responsabilidade do governo inglês, para ao cabo pedir sanções pecuniárias exemplares.

Assim agindo, o país estaria demonstrando as qualidades do verdadeiro líder, que não transige com o inegociável e exige respeito a sua soberania.

Luiz Bosco Sardinha Machado

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