Mãe Joana e a sua casa

No. – 117 – COLUNA DO SARDINHA

Para falar a verdade, não freqüentamos e nem conhecemos a Casa de Mãe Joana e, pelo  que ouvimos falar, o motivo que a tornou famosa, deveu-se ao fato que, dentro de suas quatro paredes tudo era permitido, inclusive coisas impublicáveis e inomináveis, por ferirem o decoro e a moral pública, que na época ainda existia.

Tal casa era famosa ainda, por ter em sua fachada os seguintes dizeres: “Casa de Mãe Joana, o maior lupanar do país” e “Entrada proibida para Políticos”.

Quando questionada sobre os motivos que a levavam a proibir a entrada de políticos, Mãe Joana explicava do alto de seu “civismo caseiro”, que tal destinava-se a evitar que os prazeres da carne levassem os políticos a se corromper ou alcançar (roubar) os bens públicos.

A medida devia funcionar, pois os políticos daquela época morriam pobres e sobretudo, deixando dívidas para a família pagar.

Mas os tempos mudaram tanto, que o termo lupanar caiu em desuso e as marafonas (termo também em desuso) não mais freqüentam lugares determinados, estando espalhadas pelos quatro cantos do país.

Da mesma forma, os políticos também mudaram e agora fazem do mandato um mero negócio, não se importando com a moral e a opinião pública e mesmo com a coerência.

Quem poderia imaginar há algum tempo atrás, que num mesmo palanque em Alagoas, em cerimônia chinfrim, estariam os paparicados e bajulados, Lula, Téo Vilela (PSDB e filho de Teotônio Vilela, “Menestrel das Alagoas”, feroz crítico da ditadura militar), Dilma Roussef, ex-guerrilheira e Fernando Collor de Melo, único presidente cassado constitucionalmente por corrupção e ex-governador indireto de Alagoas, nomeado pela mesma ditadura, trocando rasgados elogios?

Provavelmente ninguém em são juízo e mais, que Lula fosse praticamente alforriar o político, que ele mesmo demonizara à época de sua cassação, trazendo-o para perto de seu governo; e, nem que Téo Vilela inimigo fidalgal  do collorido, subisse num mesmo palanque em que estariam além dele, Lula e sua ministra.

É, dizem que o poder corrompe e prostitui, mas sempre achamos que haveria um limite para tal.

No entanto, ao lembrarmos que há menos de vinte anos atrás, o candidato Collor em debate realizado na rede Globo, denunciava, que o candidato Luiz Inácio comprara um caríssimo aparelho de som para uma suposta amante e que aconselhara a mesma a abortar de Lurian, sua filha de fora do casamento, fatos esses não desmentidos pelo candidato; e, ainda que o Partido dos Trabalhadores, na pessoa do iminente Senador Eduardo Suplicy foi buscar o motorista Heriberto, que prestou depoimento na CPI e que foi determinante para a cassação de Collor de Melo, temos que dar razão aos que pensam assim.

Para conquistar e conservar o poder, parece que não há limites, vale tudo, até afrontar a opinião pública.

Só não dá mesmo para imaginar, como estão hoje os cara-de-bobos, digamos os cara-pintadas, que saíram às ruas para pedir a cassação de Collor, estimulados pelos petistas, os guardiões da moralidade.

Bons tempos aqueles em que a Casa de Mãe Joana funcionava, pois a casa além de ser um bordel localizado, tinha lá suas regras e sua coerência, que eram respeitadas, muito diferente do que ocorre hoje.

Luiz Bosco Sardinha Machado

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