À guisa de comparação com a norma legal sobre a Responsabilidade Fiscal que tem por escopo evitar o comprometimento das finanças por um governo assumido pelo antecessor, a diplomacia brasileira sob a gestão do presidente Lula comete um fiasco internacional no último dia do seu mandato de 8 anos, transmitindo as consequências do seu gesto uma crise com a nação e o governo italianos à eleita Dilma Roussef.
Por certo, tal atitude foi combinada entre ambos, cuja política externa foi marcada pelo apoio a extremistas/terroristas/esquerdistas de toda ordem, aliados no passado nas intentonas para implantação do regime marxista-leninista em solo brasileiro, sob o triunvirato Lula, Dilma e Tarso Genro. O mundo assistiu o irrestrito convívio com os Castros de Cuba, quer na extradição dos pugilistas, inocentes cidadãos que pretenderam o acolhimento dos brasileiros e lhes negando, a trinca os devolveu à ilha presídio em poucas horas como nunca visto neste país, quer na crítica mordaz aos dissidentes/presos cubanos que morriam pela fome a lhes consumir as entranhas. Lula viu, disse e os comparou a delinquentes. Atitudes semelhantes na crise de Honduras/Zelaya, programa nuclear iraniano, relações com a Bolívia de Evo Morales e Venezuela de Chávez.
Os direitos humanitários invocados pelo parecer do Advogado-Geral da União, acatado pelo presidente Lula da Silva para não extraditar o ex-terrorista italiano Cesare Battisti, alegando-se que poderia “representar perigo à vida do preso” na Itália jurídica e democraticamente estabelecida, não são os mesmos da extradição dos pugilistas para a “democracia” cubana, cujo governo lá está desde 1949. Só isso.
Um primor de conclusão: “Há fundadas razões para suposição de que o extraditando possa ter agravada sua situação pessoal. … A questão exige que se proteja, de modo superlativo possível, a integridade de pessoa eventualmente exposta a perigo, em ambiente supostamente hostil”. Ambiente supostamente hostil? Claro, lá não vai ser nomeado, nem chamado de companheiro.
O ½ MRE, já que divide as relações internacionais, diz que foi uma questão de soberania, com sublime ar de superioridade, como um desafio nos moldes duelo capa/espada dos filmes românticos.
É de se supor que a decisão seria essa, não tomada antes para não prejudicar (Será?) a candidatura Dilma. Postergada para ser abafada pelos lampejos, estampidos, brindes, efeitos etílicos, carnavalescos e dos espetáculos da praia de Copacabana e do mundo pela passagem de ano e pouca retumbância nos telejornais.
A guerra continua e o governo italiano que já convocou o seu embaixador em diplomático protesto vai recorrer ao STF que se não tivesse repetido a indecisão de Pilatos, essa questão já estaria resolvida. Lá na Itália não há a solidariedade com criminosos e condenados. O presidente italiano, Giorgio Napolitano, ex-militante do Partido Comunista, externou “surpresa e profunda amargura com a decisão”, diferente da fidelidade reinante nas hostes petistas com assaltantes e terroristas do passado.
Um STF que tem sido tíbio nas suas decisões como foi no caso Battisti e no julgamento dos processos da ficha limpa, vai ter que repetir o julgamento, dar por encerrado e liberar o extraditando para os folguedos carnavalescos na volta do recesso ou quem sabe Deus uma inusitada solução.
O presidente sai pela famosa “primeira porta à esquerda” e deixa um rastro não perfumado, exaltado por um índice de aceitação não condizente com o resultado da eleição.
Se os 80% fossem verdadeiros, Dilma, a representar a continuidade, seria eleita por algo muito próximo.
Ernesto Caruso, 01/01/2011
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