Voto em Militar

Ernesto Caruso 07/11/2002

O resultado das últimas eleições foi desanimador em se tratando do número de militares candidatos e os efetivamente eleitos pelo Estado do Rio de Janeiro para o Congresso Nacional ou Assembléia Legislativa desse Estado.

Já na gestão do Gen Ibiapina, como presidente do Clube Militar, a revista da entidade, ou boletim, publicava a relação dos candidatos. Uma iniciativa que visava apresentar ao quadro social uma relação sem o significado de indicação de um ou outro candidato. Foi um avanço. Em tempos passados não se via com bons olhos tais procedimentos. O governo FHC despertou a necessidade de que os interesses dos militares fossem defendidos, em especial contra as agressões da MP 2131. Fato é que o Congresso tem muito pouca representação de militares.

Obviamente, não é esta a única questão – vencimentos – mas, tudo o mais no interesse do país, considerando a intenção do governo em afastar os militares dos centros das decisões. Mais um pouco e nos teria colocado guizos nos pescoços, alertando-os para uma possível contaminação. No Dia da Independência. Brasília. Término do desfile. Saída do presidente. Sua Excelência só cumprimentou o Ministro Lafer, que estava após os Comandantes das Forças Militares, em linha no palanque. Vi pela TV.

Voltando às eleições. A Revista do Clube Militar, este, agora, sob a presidência do  Gen Lessa, mantendo o mesmo procedimento, publicou uma relação dos militares candidatos. E, mais, fez constar: “Concito a todos que votem nos nossos representantes para que a família militar conte com porta-vozes autênticos no Poder Legislativo.”

Para deputado federal, da Marinha, havia quatro candidatos, do Exército, oito e da Aeronáutica, um. Para deputado estadual, um da Marinha, cinco do EB e um da Aeronáutica. Desta, um candidato ao Senado.

Exceção feita ao deputado Cap Jair Bolsonaro, que mais uma vez se elegeu para a Câmara Federal, com 88.945 votos, os demais não lograram êxito. Da Marinha, A, com 9.009; B, 4.832; C, 3.666; D, 2.059 votos. Do EB, A, com 15.788, B, 9.330; C, 5.818(fora da lista da revista); D, 2.902; E, 2.277; F, 1.065; G, 980; H, 958 votos. Da Aeronáutica, A, com 2.350 votos e, para senador, 15.370 votos. Esta, provavelmente, para assinalar a presença do partido. Excluindo o eleito, aprox. 60.000 votos.

Para a Assembléia Legislativa/RJ, da Marinha, A, com 5.094 votos; do EB, A, 14.708; B, 4.281(fora da lista); C, 3.346; D, 2.451; E, 2.030; F, 1.606. Arprox. 28.000 votos.

Muito pouco voto em se tratando de um Estado com uma das maiores representatividades de militares da ativa, reserva, pensionistas e familiares.

O menos votado para deputado federal(PSD), que se elegeu, obteve 20.435 votos. Para deputado estadual(PT do B), o foi com 19.045 votos.

Assim, função dos dados conhecidos, só o Cap Bolsonaro se elegeu deputado federal, pois já de há muito tempo vem defendendo os interesses dos militares e se reelegendo. Apesar das expressivas votações não tem merecido destaque por parte do seu partido, nos parece. Em 98, foi o 10º mais votado e o 3º da partido, tendo obtido 102.893 sufrágios.

Precisamos nos conscientizar buscando melhorar esses resultados. E, se quisermos conquistar posições nas eleições municipais de 2004, vamos começar desde já. Fazer como as escolas de samba que iniciam seus preparativos para o ano seguinte imediatamente após o desfile das campeãs. Não se pode perder tempo. Os candidatos têm que estar filiados a um partido um ano antes das eleições. 30 de setembro de 2003.  Vamos encontrar as soluções. Reunir os candidatos. Organizar almoços. Realizar palestras sobre as eleições. Avaliar os resultados, dos eleitos ou não. Concentrar esforços em uma ou duas candidaturas por grande capital, ou concentrar todos os candidatos em um mesmo partido. Com 150 mil votos, teríamos feito cinco a seis deputados, se só esses fossem os candidatos, claro que outros fatores seriam considerados, como coeficiente eleitoral, etc. Manter uma constante divulgação pelas revistas dos clubes militares.  Considerar objetivos intermediários as eleições de 2004, para se atingir as de 2006 com uma considerável massa crítica destinada a concorrer aos cargos nos níveis federal e estadual. Não adianta xingar o juiz das arquibancadas, há que se jogar dentro do campo, se quisermos ganhar o jogo.

Creio que os militares e familiares de um modo geral não tiveram conhecimento das várias candidaturas. Os recursos financeiros são poucos. Propaganda quase não se vê. Não é possível que o descrédito tenha envolvido os militares de tal maneira, fazendo-os lavar as mãos como Pilatos, ou como dizemos,  levando-os a “ensarilhar armas”. Também não acredito que não votem nos companheiros candidatos por considerá-los incapazes de representá-los.

Vejam alguns exemplos. Os presidentes de órgãos sindicais se elegem por força dos seus associados, bem como líderes de policiais militares, por vezes emergentes de um movimento exacerbado. Nosso enfoque é outro. O momento exige uma maior integração e comprometimento.

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